‘Tanto faz’ era a arma secreta da Tânia. Palavras simples, mas que implicavam em tornar qualquer outra decisão que não a dela um absurdo.
- Onde você quer almoçar?
- Ah, tanto faz.
- Então pode ser no restaurante japonês?
- Não, já que tanto faz, vamos no italiano.
- Mas você mesma disse que tanto faz...
- Sim, então, para que ir no japonês? Tanto faz.
E lá se ia um almoço no restaurante italiano.
Assim como todo o resto.
Com o ‘tanto faz’ acionado, qualquer opinião contrária era automaticamente anulada.
- Eu estou a fim de assistir uma comédia. E você?
- Tanto faz. Vamos ver um de suspense então.
- Mas se tanto faz para você, por que não podemos ver a comédia então?
- Credo, como você é neurótico e intransigente!
E entravam na fila do suspense.
Nem ela mesma se dava conta às vezes, é verdade.
- Essa sua apresentação, Tânia, vamos fazer algumas alterações antes de passar pro cliente, ok?
- Tanto faz, como você preferir.
- Bom, acho que precisamos incluir alguns gráficos...
- Sim, tanto faz, então vou deixar assim mesmo.
- Mas é importante incluir essas informações...
- Tanto faz.
E a apresentação não era mais mexida até a reunião. O ‘tanto faz’ desarma qualquer um.
- Você acha que devo levar qual das duas calças?
- Tanto faz, ambas são lindas. Leva a lilás.
- Mas eu gostei mais da vermelha...
- Ai, tanto faz. Por que não levar a lilás, então?
- Ué, se tanto faz, então por que não levar a vermelha, já que gostei mais?
- Nossa, não está mais aqui quem falou! As pessoas são tão estressadas por motivos pequenos...
E quem se importava em se livrar de um de seus ‘tanto faz’ sem parecer uma pessoa obsessiva, recebia sempre a mesma resposta:
- Tanto faz.
9 de dez. de 2008
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Um comentário:
Que testo delicioso... adaptara para uma comedia, vc autorizaria?
xxx henriqeu teixiera
BJAO DIGO
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