17 de dez. de 2008

(recesso madônnico)

(depois eu volto)

9 de dez. de 2008

Arma secreta

‘Tanto faz’ era a arma secreta da Tânia. Palavras simples, mas que implicavam em tornar qualquer outra decisão que não a dela um absurdo.

- Onde você quer almoçar?

- Ah, tanto faz.

- Então pode ser no restaurante japonês?

- Não, já que tanto faz, vamos no italiano.

- Mas você mesma disse que tanto faz...

- Sim, então, para que ir no japonês? Tanto faz.

E lá se ia um almoço no restaurante italiano.

Assim como todo o resto.

Com o ‘tanto faz’ acionado, qualquer opinião contrária era automaticamente anulada.

- Eu estou a fim de assistir uma comédia. E você?

- Tanto faz. Vamos ver um de suspense então.

- Mas se tanto faz para você, por que não podemos ver a comédia então?

- Credo, como você é neurótico e intransigente!

E entravam na fila do suspense.

Nem ela mesma se dava conta às vezes, é verdade.

- Essa sua apresentação, Tânia, vamos fazer algumas alterações antes de passar pro cliente, ok?

- Tanto faz, como você preferir.

- Bom, acho que precisamos incluir alguns gráficos...

- Sim, tanto faz, então vou deixar assim mesmo.

- Mas é importante incluir essas informações...

- Tanto faz.

E a apresentação não era mais mexida até a reunião. O ‘tanto faz’ desarma qualquer um.

- Você acha que devo levar qual das duas calças?

- Tanto faz, ambas são lindas. Leva a lilás.

- Mas eu gostei mais da vermelha...

- Ai, tanto faz. Por que não levar a lilás, então?

- Ué, se tanto faz, então por que não levar a vermelha, já que gostei mais?

- Nossa, não está mais aqui quem falou! As pessoas são tão estressadas por motivos pequenos...

E quem se importava em se livrar de um de seus ‘tanto faz’ sem parecer uma pessoa obsessiva, recebia sempre a mesma resposta:

- Tanto faz.